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Arte e sociedade nos anos 50/60 do séc. XX - História A 12º ano



Bom dia! Hoje segue uma ficha de História A de 12º ano redigida por mim há algum tempo. Bom estudo!

Arte e sociedade nos anos 50/60 do séc. XX
História A 12º ano

 

  1. Refere três fatores do protagonismo cultural dos EUA no Segundo Pós-Guerra.
     
    O protagonismo cultural dos EUA remonta ao início do século. O desafogo económico do país alimentava uma próspera burguesia, o generoso mecenato privado patrocinava a fundação de galerias e de grandes museus e a escola de Nova Iorque dinamizava as artes no pós-guerra.
    A relação entre a cultura americana e a cultura europeia estreitou-se principalmente quando a situação na política na Europa se tornou mais perturbada. O fluxo da emigração intelectual aumentou quando, deflagrada a guerra, os nazis invadiram quase toda a Europa. Os Estados Unidos tornaram-se os depositários, em nome da democracia, dos valores da inteligência e da cultura, adaptando-os, inevitavelmente, à sua estrutura social e ao seu “modo de vida”.
    Aos Estados Unidos coube assim, assumir a condução do Ocidente, tanto no plano político e no plano económico, como no campo das transformações sociais e culturais. Pela primeira vez na história da arte, as inovações deixaram de ser vistas em capitais Europeias como Paris, Berlim, Milão, Viena ou Moscovo. As alterações mais significativas e as grandes polémicas do mundo da arte passaram a ser produzidas em Nova Iorque.
     
  2. Identifica três dos principais movimentos artísticos dos anos 50/60 e respetivos protagonistas.
     
    A pintura modernista do princípio do século XX tinha rompido com os cânones tradicionais da figuração artística. Esta rutura estética contou com o contributo do inconsciente, da emoção e do instinto na arte, bem como da força da expressão trazida para a arte pelos expressionistas alemães. A criação artística tornou-se mais intuitiva e desligada da racionalidade.
    Um conjunto de artistas, desde a década de 40, desenvolveu o expressionismo abstrato, animados pela crença de que a arte abstrata era capaz de exprimir o universal e transmitir todas as experiências humanas. Nas suas obras podem ser destacadas as seguintes características: a espontaneidade, a expressão e a individualidade do artista, o improviso e recurso ao gesto dinâmico e o uso de largas manchas de cor. O expressionismo abstrato dividiu-se em duas grandes tendências: uma, que deu primazia à “pintura gestual”; a outra que privilegiou o uso das manchas de cor.
    A primeira tendência do expressionismo abstrato, denominada “pintura gestual” ou action paiting, foi desenvolvida por Jackson Pollock e por Willwm de Kooning. Esta forma de expressão artística assentou na espontaneidade do gesto e da ação do artista sobre a tela.
    A segunda tendência do expressionismo abstrato valorizou a mancha de cor e foi desenvolvida por Mark Rothko e Barnett Newman. Reduziam as suas pinturas ao essencial, aplicando largas manchas de cor na superfície da tela, com variações tonais, que criam efeitos luminosos. Utilizavam, ainda, o monocromatismo quebrado com linhas verticais.
    A partir de meados da década de 50, a arte enveredou por um novo caminho ligado à valorização das manifestações da cultura de massas e da cultura popular, dando origem ao movimento da pop art. Este movimento inspirou-se na cultura da sociedade de consumo, no cinema, na banda desenhada, na ficção, na publicidade e na musica pop. Afirmou-se como uma reflexão crítica, por vezes satírica e agressiva, do vazio do Homem e da sociedade de consumo. Foi desenvolvida por Lawrence Alloway.
     
  3. Refere três fatores da atração pelo abstracionismo no segundo pós-guerra.
     
    Tendo a Europa sido completamente devastada pela Guerra e com o nascimento da Escola de Nova Iorque, que dinamizou as artes no Pós-Guerra e tendo em conta o desafogo económico dos EUA, o abstracionismo seduziu, além dos fatores mencionados atrás, pelo seu brilho e pela liberdade.
    Durante duas décadas, foi a América do Norte que produziu as inovações mais estimulantes e os impulsos mais vibrantes no campo da arte. Enquanto potência mundial, os EUA desenvolveram a sua própria consciência cultural. A confiança no poder da sociedade industrial era tão ilimitada quanto a fé nas vantagens do estilo de vida americana.
    Devido às atividades multifacetadas dos museus de Nova Iorque, estes transformaram-se em instituições culturais extremamente influentes. Os próprios artistas viraram-se para Nova Iorque. A atividade frenética da capital do mundo parecia gerar uma atmosfera de trabalho fértil, pois não só os artistas expunham os seus trabalhos, como também tinham os seus estúdios em Nova Iorque.
     
  4. Justifica a hegemonia dos hábitos socioculturais americanos no segundo pós-guerra.
     
    O american way of life popularizou-se na Europa, culminando um processo que vinha já dos anos 20. Os meios de comunicação divulgavam, cada vez mais, o viver à americana e assistiu-se à americanização da Europa. A música e o cinema americanos entraram definitivamente na cultura europeia.
    O estilo americano seduziu pelos seus padrões de vida elevados, pelo consumismo e também pelo caráter informal e prático das suas criações. Na moda, um estilo mais descontraído começou a fazer parte da indumentária dos jovens europeus: blusões e calças de ganga tornaram-se peças de uso corrente entre os jovens. Na Europa, os produtos dos EUA eram consumidos e os ícones da sua cultura admirados. O impacto da cultura americana fez-se sentir também nos programas de televisão, na banda desenhada e na divulgação da língua inglesa. Generalizou-se o estilo de vida americano que passou também a fazer parte do quotidiano dos europeus.
     
  5. Explica o impacto da TV no quotidiano nos anos 50/60.
     
    A televisão teve um enorme sucesso junto da população, tanto nos EUA como na Europa. Apesar das primeiras emissões se terem realizando ainda durante a década de 40, foi a partir dos anos 50, nos EUA, e nos anos 60, na Europa, que a televisão se popularizou e chegou a um grande número de lares. Com emissões a preto e branco, o aparelho de televisão era o objeto da casa que reunia, à sua volta, a família, mudando hábitos e comportamentos. Inicialmente, os canais de televisão, na Europa, eram exclusivamente estatais, o que tinha consequências na programação, que era mais conservadora e difusora de valores tradicionais. Nos EUA, a televisão privada proporcionava maior liberdade de programação, transmitindo-se séries, comédias, novelas e concursos orientados para satisfazer um público de massas.
    A televisão contribuiu para pôr fim ao isolamento de populações, para uniformizar padrões culturais, divulgar produtos e introduzir uma nova conceção de entretenimento. Foi também responsável por fazer chegar a política à casa dos cidadãos americanos e europeus, mediatizando os debates políticos. O à vontade em frente às câmaras e a proximidade com os espetadores passava a ser fundamental, uma vez que ajudava a ganhar eleições. Para além do domínio político, a opinião pública contactou em direto com os horrores da guerra. A televisão transformou hábitos culturais e de consumo, proporcionou um acesso mais vasto à informação e afirmou-se como um dos mais poderosos meios de comunicação de massas.
     
  6. Indica três fatores da terciarização da sociedade.
     
    No início do século XX, a maior parte da população ativa mundial tinha como principal atividade a agricultura. Esta tendência foi declinando e, a partir do terceiro quartel de novecentos, a percentagem da população ativa agrícola desceu radicalmente. Na Europa e nos EUA, a população agrícola diminuiu. Esta quebra foi provocada pelo crescente êxodo rural, devido ao desenvolvimento das técnicas agrícolas. As inovações ligadas à mecanização, aos produtos químicos, à biotecnologia e à criação seletiva dispensaram mão de obra e permitiram o aumento da produtividade e da produção agrícola.
    O declínio do campesinato operou uma mudança estrutural na composição social e no peso dos vários setores de atividade. Assistiu-se à terciarização das sociedades. O aumento do setor terciário foi possível devido a vários fatores: a população mais instruída e escolarizada acedeu a novas funções, ligadas ao comércio e aos serviços; o aumento das exigências de mão de obra especializada, devido ao desenvolvimento de novas tecnologias; a crescente afirmação das mulheres no mercado de trabalho; os salários mais elevados fizeram do setor terciário um polo atrativo.
    A consolidação das profissões de “colarinho branco”, no seio das sociedades contemporâneas, significou a maior preponderância do setor terciário nas economias mundiais.
     
  7. Enuncia dois fatores do protagonismo da juventude nos anos 60.
     
    O protagonismo juvenil deveu-se ao facto de haver um excedente considerável de jovens: mais de metade da população tinha idade inferior a 30 anos. Além disso, procuravam um estilo de vida diferente da dos pais: exigiam mudanças radicais nas universidades, apoiavam ativamente a luta dos negros pela conquista dos direitos cívicos, a emancipação da mulher e envolviam-se no movimento pacifista.
     
  8. A contestação juvenil e o maio de 68
     
    A juventude dos anos 60 rompeu com os valores conservadores e tradicionais que tinham marcado a geração anterior. Os baby boomers (nascidos entre 1943-1960) ficaram associados aos movimentos de contestação juvenil que eclodiram, na década de 60, na Europa e nos EUA. Foi uma geração que clamou por liberdade e que quebrou as convenções sociais estabelecidas, através de uma nova linguagem musical e do uso de roupas que desafiavam as classes burguesas conservadoras. Produto e produtora de uma nova cultura, a juventude tomou consciência do seu papel na sociedade.
    Nas universidades americanas surgiram reações, por parte dos jovens, contra o modelo de ensino estabelecido. A juventude americana associou-se em torno do movimento pacifista, que marcou os EUA dos anos 60. Pressionou o governo e a política americana devido à guerra do Vietname e acabou por contribuir para o fim do conflito. Como forma de protesto, para além das manifestações e marchas, os jovens recusaram alistar-se no exército e queimaram, em público, as suas cédulas militares, desafiando claramente as autoridades. A juventude americana defendeu também a liberdade sexual, os direitos da mulher e dos afro-americanos.
    Pacifistas por definição, estes jovens criaram uma subcultura que se afirmou como contracultura.
    Nos EUA, o movimento hippie (centrado essencialmente em S. Francisco e em Los Angeles) ganho enorme visibilidade. Eram apologistas de uma comunhão com a natureza e defensores de um estilo de vida alternativo.
    Tinham como principais referentes ideológicos os revolucionários Fidel Castro, Che Guevara e Mao Tsé-Tung.
    Na Europa, a contestação juvenil teve o seu epicentro em França, entre maio e junho de 1968. Em maio de 68 estalou em Paris, nas universidades de Nanterre e da Sorbonne, um protesto contra os métodos de ensino e o sistema educativo, incapazes de dar resposta à massificação da educação e às necessidades dos estudantes, oriundos de meios socioeconómicos mais desfavorecidos. Em resultado destes protestos, as universidades foram ocupadas. A nova cultura juvenil produziu slogans como “É proibido proibir”, demonstrando os anseios de liberdade entre os jovens. Mas a revolução não se separou da ideia de amor livre. Era a libertação da juventude e a necessidade de romper com os valores estabelecidos, com a sociedade tradicional, com o capitalismo e o imperialismo, ou seja, com o poder instituído e com os valores tradicionais da família.
    A contestação do mundo estudantil espalhou-se pelo mundo operário e originou greves e protestos que agitaram a capital francesa durante ente período. Foi um processo mediatizado pela televisão, o que contribuiu para difundir o inconformismo que assolava a juventude. A dimensão dos protestos acabou por provocar a demissão do presidente da
    República francesa.
    Portugal não foi exceção e esta contestação teve os seus reflexos: a crise estudantil de 1969 provocou a demissão do ministro da educação, a mudança de reitor na universidade de Coimbra e todos os estudantes que participaram de alguma forma nas manifestações foram enviados para a guerra colonial.

 

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